Por Helvécio Cardoso
Sempre defendi que Célio deveria sair candidato a cargo parlamentar. Ele insistindo em sair a governador, a prefeito, sem ter uma estrutura partidária e financeira que suportasse tamanha pretensão. Agora ele sai candidato a deputado federal. Chegou em boa hora, e chegou bem vindo. É claro que conheço Célio Moura não é de hoje. Nem de ontem. E o conheço desde os tempos em que ele liderava, aí no antigo norte de Goiás, a resistência democrática contra a ditadura. Depois trabalhei com ele, sócio em seu escritório de advocacia. Aprendi muito.
O finado Sobral Pinto dizia que advocacia não é profissão de covardes. É preciso reter coragem.
(Foto: Heráclito Fontoura Sobral Pinto (foi ferrenho defensor dos Direitos Humanos)
(Advogado Célio Moura, candidato a Deputado Federal)
Célio sempre foi um valente, um homem de coragem em todos os sentidos da palavra. Coragem física, coragem moral. Eu sei das barras que ele enfrentou nesses anos todos de Tocantins. Ele foi, e é, que eu eu saiba, o único político do Tocantins que nunca esteve aliado com Siqueira Campos. Sempre combateu o Siqueirismo. Célio poderia ser um dos homens mais ricos do Tocantins. Sei que não é. É bem de vida, mas não é rico. Ele ganha pouco dinheiro na advocacia, porque está sempre advogando para os pobres, para os perseguidos. Quem já enfrentou tantas vezes o Dito Boa Sorte? Lembro-me até hoje dos juris que eu e Célio fazíamos pelo Tocantins afora, quase sempre como defensores dativos. Milhares de ações trabalhistas. Audiências em tudo quanto é biboca.
Certa vez, resolvemos o problema de uma velhinha camponesa que não tinha sequer uma cama para dormir em seu rancho. Não cobramos honorários. Um dia, perto do Natal, ela resolveu nos pagar assim mesmo, da forma que ela podia. Uma baciada de caju, uma banda de tatu, e um papagaio. Coisas que me faziam acreditar que lutar por justiça valia a pena. Lutar por justiça é sobretudo lutar pelo pobre. E quando eu e Célio denunciamos uns delegados que estavam prendendo e espancando crianças! No dia seguinte, o secretário de Segurança Pública, Júlio Resplandes, desceu em Araguaina para substituir os delegados e abrir inquérito que levou ao afastamento deles. Mas o siqueirismo triunfante os reintegrou ao serviço Público.
Quando mataram o nosso compadre Otácílio Moreira Lima, eu e Célio movemos céus e terras para identificar o assassino e levá-lo a juri. Graças ao trabalho magnífico de um delegado pertinaz, dr. Victor, o assassino foi levado a Juri. Célio, que desde a fase inicial do processo foi ouvido como testemunha – foi o primeiro a prestar socorro ao nosso compadre – não pode atuar no Juri. Eu atuei, como advogado da família de Otacílio. O promotor só leu o libelo e me passou a bola. Foi uma das minhas melhores atuações. O cara foi condenado à unanimidade, mas o juiz, bonzinho, deu-lhe pena curta, 13 anos, o sujeito já deve estar solto de velho. À noite, fomos para o sítio do meu amigo Tarciso tomar umas para desopilar o fígado. E nunca mais voltei a Araguaína, da qual tenho saudades.
Na minha volta a Goiânia, onde estou até hoje, quase não vi mais o Célio. Raros encontros. É assim a vida. Mas não posso deixar de dar aqui este meu depoimento, se tiver alguma serventia. Eu, se eleitor aí no Tocantins, votaria em Célio Moura. Iria me voluntariar na campanha dele, iria distribuir uns santinhos. Não é Célio que precisa do nosso voto. O Tocantins precisa de Célio Moura. Ele estava devendo esta candidatura há muitos anos, e agora resgata essa dívida. Eleger Célio Moura, é questão de necessidade.
Helvécio Cardoso
Jornalista e advogado