Nascido em Minas Gerais e criado em Brasília, o juiz do trabalho aposentado Leador Machado apresenta uma proposta bem à esquerda para Araguaína. Ele foi fundador e presidiu nos anos 1980 o PT em Gama, no Distrito Federal, e foi militante do partido por 20 anos, quando deixou a política para se dedicar à magistratura a partir de 2006. Aposentado no ano passado, Machado voltou ao PT, se tornou pré-candidato a prefeito da cidade e falou ao quadro Conversa de Política.
Esqueceu do povo
O pré-candidato avaliou que a gestão do prefeito Ronaldo Dimas (Podemos) foi boa na parte de infraestrutura no centro de Araguaína. “Olhou para o centro da cidade e esqueceu, todavia, de olhar para o seu povo”, defendeu.
Abandono completo
Para ele, prova disso é a expansão da Covid-19 pelo município. Machado afirmou que as demandas da saúde sempre foram relegadas pelo governo local. “Estava num abono completo. Mesmo antes da pandemia, para conseguir vaga em UTI era preciso uma ação judicial. As equipes do Programa Saúde da Família, que é importantíssimo para atuar na atenção básica, diminuem a cada ano”, disse. “Trato aos servidores da saúde aqui é muito equivocado, direitos básicos, como a insalubridade, por exemplo, não são pagos. Grande parte da saúde terceirizada para empresas que não têm qualquer idoneidade.”
Carta de recomendação de vereador
O petista ainda ressaltou que, na área da educação, não é diferente. “No ano passado, 70% dos professores eram de contratos temporários. Para o professor ser contratado, tinha que levar uma carta de recomendação de um vereador ou qualquer outro político. Um aparelhamento do Estado que vai ser usado agora nas eleições, o que é um absurdo e queremos acabar com isso”, avisou.
Fim da terceirização
Machado garantiu ainda que, se eleito, vai acabar também, “definitivamente”, com a terceirização da saúde. “Vamos investir pesado na atenção primária, que, se estivesse hoje funcionando, a Covid-19 não teria alcançado essa dimensão em Araguaína”, garantiu.
Relegado a 2º plano
Para ele, “não adianta investir apenas no embelezamento da cidade e no oferecimento de equipamentos públicos”, mesmo considerando que são importantes. “Mas essa atenção direta na saúde da população, na educação, na cultura, isso ficou relegado a segundo plano. E nós queremos retomar isso”, afirmou.
Caos após impeachment
O pré-candidato disse que respeita os adversários, mas que eles têm “algo em comum”. “Deram sustentação ao impeachment da [ex-presidente] Dilma Rousseff e são base de sustentação do governo Jair Bolsonaro. A partir do impeachment de Dilma e da ‘prisão ilegal’ do [ex-presidente Luiz Inácio] Lula, o País foi jogado no caos, elegendo essa pessoa completamente despreparada, que está na Presidência da República, jogando o país nessa aventura autoritária”, criticou.
Cidadania contra a violência
Machado defendeu que o projeto que o PT defende para Araguaína “é antagônico ao de todos eles [adversários] e do governo federal”. “Querem investir em segurança para poder isolar as classes abastadas nos seus condomínios privados, nos seus prédios de luxo, nos seus clubes e nos seu shoppings, e nós queremos investir na periferia para poder levar cidadania para essas pessoas para, aí sim, prevenir a questão da violência”, comparou.
Ecologia e bem viver
Ele explicou que, nos primeiros governos do PT, havia como base três princípios: do orçamento participativo, da inversão de prioridade — ao invés do centro e “obras que vão destacar o nome prefeito”, investir nas periferias, onde têm mais necessidades — e a radicalização da democracia, ou seja, tudo feito com consulta popular. “Agora, após a eleição de Bolsonaro, foram incluído os princípios da transição ecológica e do bem viver”, disse.
Solidariedade
Para Machado, é “possível ter vida e ter governo fora do sistema capitalista”. O pré-candidato propõe criar uma incubadora de movimentos sociais e de pequenas cooperativas e associações para que passe a existir nos bairros “não uma relação de economia capitalista, mas de economia solidária, que passe por fora dessa questão da competição e se baseie na solidariedade”. Ele falou ainda de criar um banco com popular com moeda própria para investir na economia solidária e “numa Araguaína integrada, que se veja como um todo”. “Não essa que vê 20% da população e o restante é excluído”, afirmou.
Da Redação/reprodução
Assista a seguir a íntegra da participação de Leador Machado no quadro Conversa de Política:
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