Nesta sexta-feira, 11, o calendário ambiental brasileiro traz o Dia Nacional do Cerrado e o Governo do Tocantins conta com apoio do efetivo do Exército Brasileiro às forças de combate aos incêndios florestais do Estado. O Tocantins tem investido em ações de combate aos incêndios florestais, fortalecidas pelas parcerias interinstitucionais. O Cerrado ocupa pouco mais de dois 2 milhões de km² de extensão no país, com áreas contínuas em 12 estados. No Tocantins, o bioma abrange cerca de 90% de todo o território e o Estado mantém uma parcela protegida, em Unidades de Conservação (UCs) estaduais de proteção integral e de uso sustentável.
Com grupos aéreos e terrestres, equipes do Exército Brasileiro, do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), do Corpo de Bombeiros Militar do Tocantins, da Defesa Civil, da Segurança Pública do Estado, de brigadistas e guarda-parques do Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins) intensificaram a atuação em campo no combate ao fogo na Serra do Lajeado e Taquaruçu, para controle de incêndios florestais na região e alcance de focos de fogo, em locais de difícil acesso. Os objetivos da operação conjunta são evitar a propagação de chamas nas propriedades rurais e proteger o bioma Cerrado.
“Em 2020, o Governo do Tocantins uniu forças institucionais no Comitê do Fogo, que hoje conta com informações obtidas por meio de tecnologias de monitoramento, orientação para população, reforço dos equipamentos das brigadas de prevenção, preparo das equipes de combate e apoio do Exército, para as operações no período crítico de estiagem. No combate ao fogo durante esse período, vencemos etapas, mas as condições do clima exigem atenção e ações diárias até o retorno das chuvas”, destaca o presidente do Naturatins, Sebastião Albuquerque.
“Neste ano, antes de se estabelecer o período de estiagem, os brigadistas do Naturatins que atuam nas UCs [Parques, Monumento e áreas de proteção ambiental] realizaram ações de prevenção do MIF [Manejo Integrado do Fogo], para reduzir a massa vegetal que eleva o potencial de incêndio florestal, no período crítico de estiagem. As equipes também ofereceram apoio às operações coordenadas pelo Corpo de Bombeiros e pela Defesa Civil, em locais próximos às áreas de proteção ambiental”, reitera o diretor de Biodiversidade e Áreas Protegidas do Instituto, Warley Rodrigues.
Relevância do Cerrado
Jorge Leonam Barbosa, gerente de Pesquisa e Informações da Biodiversidade pontua aspectos relevantes do Cerrado. “Esse é o segundo maior bioma sul-americano e ocupa 22% do território brasileiro, onde é o guardião de nascentes das três maiores bacias hidrográficas da América do Sul, Amazônica-Tocantins, São Francisco e Prata. Seus recursos naturais são o habitat de centenas de espécies da fauna e da flora brasileira”, enfatiza o gerente.
“No Tocantins, a maioria das UCs se encontra na zona de transição ou ecótono entre os biomas Cerrado e Amazônico, sendo a maior parte de uso sustentável. As demais estão no bioma Cerrado, mas sua maior parte é de Proteção Integral. Neste ano, o Tocantins aprovou o Plano de Ação para Conservação de Espécies Ameaçadas de Extinção do Território Cerrado Tocantins e instituiu o Grupo de Assessoramento Técnico”, conta o gerente das Unidades de Conservação – Parques Estaduais e Monumento Natural, Gilberto Iris Souza de Oliveira.
“O Cerrado possui grande importância social para comunidades indígenas, quilombolas, raizeiros, ribeirinhos, babaçueiras e vazanteiros, que usam o conhecimento tradicional para extrair, desse bioma, a sobrevivência de suas famílias. Mais de 220 espécies de sua flora têm uso medicinal e outras 416 podem ser usadas na recuperação de solo degradado, além de possuir dezenas de frutos e sementes comestíveis”, afirma o gerente de Suporte ao Desenvolvimento Socioeconômico, Rodrigo de Freitas.
Fauna
“A fauna do Cerrado também é extremamente rica, sendo este bioma considerado o ambiente de contato entre diversas espécies endêmicas. No Tocantins, as aves são um atrativo especial, pela beleza das cores, do voo ou do canto, grande variedade de espécies e importância ecológica, sendo uma grande vitrine para os amantes da observação de aves. Além disso, no Estado, o Curió (Sporophila angolensis) é o passeriforme silvestre nativo mais prestigiado pelos criadores regularizados. Essa espécie tem estado de conservação considerado pouco preocupante, de acordo com a classificação da IUCN [The International Union for Conservation of Nature’s]”, esclarece o biólogo do Naturatins, Tiago Scapini.
No Cerrado, já foram catalogados entorno de 837 espécies de aves, 199 de mamíferos, 1.200 de peixes, 180 de répteis e 150 de anfíbios. Estima-se que 13% das borboletas, 35% das abelhas e 23% dos cupins trópicos também se hospedam nesse bioma. Em relação à flora, mais de 11,6 mil espécies de plantas nativas do Cerrado já foram registradas e dezenas de frutos são popularmente conhecidos, comercializados e comestíveis, como o Pequi (Caryocar brasiliense), Buriti (Mauritia flexuosa), Mangaba (Hancornia speciosa), Cagaita (Eugenia dysenterica), Bacupari (Salacia crassifolia), Cajuzinho do Cerrado (Anacardium humile) e Araticum (Annona crassifolia), além de sementes como o Barú (Dipteryx alata).
Uso do Fogo
No período de estiagem tocantinense, o Cerrado registra baixa umidade, temperaturas elevadas e rajadas de vento. O conjunto dessas características é considerado favorável ao surgimento de focos de fogo e ocorrência de incêndios florestais. O fogo descontrolado é uma ameaça para a fauna, a flora, os recursos naturais e a vida humana.
Para uso do fogo na queima controlada, o responsável pela atividade precisa da Autorização de Queima Controlada (AQC), emitida pelo Naturatins, mas perde sua validade durante o período de suspensão. Em 2020, devido às condições climáticas, a suspensão das AQCs foi antecipada com a Portaria Naturatins n° 84/2020, que estabelece o período de proibição do uso do fogo, do dia 13 de julho a 13 de novembro deste ano.
Atendendo as recomendações do Governo do Tocantins para prevenção à Covid-19, o Naturatins mantém suspensas as atividades presenciais e as visitas aos Parques Estaduais e ao Monumento Natural, por tempo indeterminado, conforme Decreto n° 6.067/2020.
Fonte: Cleide Veloso/ fotosMarcel de Paula/Secom/TO
Edição: Lenna Borges – Revisão Textual: Marynne Juliate
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