O “I Seminário Internacional – III Seminário Nacional: Agrotóxicos, Impactos Socioambientais e Direitos Humanos”, em sua terceira edição, a ser realizada na Cidade de Goiás/GO, entre 10 e 13 de dezembro de 2018, tem como objetivo geral estabelecer espaço de divulgação científica e popular em torno da temática dos agrotóxicos, assim como consolidar espaços de formação e articulação (nacional e internacional) sobre os direitos humanos no que se relacionam à questão dos impactos socioambientais gerados por estes produtos e pelo modelo de desenvolvimento que os sustentam. Objetiva ainda consolidar uma rede internacional de pesquisadores nos campos da saúde, meio ambiente, direitos humanos, comunicação e cultura, para fortalecer o desenvolvimento científico-tecnológico nas diferentes áreas envolvidas na investigação sobre os agrotóxicos.
O atual paradigma produtivo hegemônico no campo brasileiro foi consolidado, em especial, a partir da implantação do pacote tecnológico da Revolução Verde nos 1960. Esse modelo de desenvolvimento para o campo se baseou na mecanização, na pesquisa genética e no uso intensivo de fertilizantes e agrotóxicos. Embora tenha elevado a produtividade de grãos no país, este paradigma elevou os impactos socioambientais, impactando tanto a natureza (contaminação de rios, vegetação, ar, animais) quanto as pessoas (intoxicação de trabalhadores, elevação de casos de câncer, contaminação por via alimentar). Enquanto o investimento em pesquisa de produtos agrotóxicos cresceu progressivamente, o mesmo não aconteceu com a pesquisa em torno dos impactos dos agrotóxicos para a saúde e o ambiente natural. Este cenário gera violações cotidianas aos direitos humanos de trabalhadores do campo e da indústria agroquímica, trabalhadores da saúde, além dos próprios consumidores que consomem alimentos e água contaminados.
Uma leitura mais aprofundada pode ser realizada no Dossiê Abrasco (https://www.abrasco.org.br/dossieagrotoxicos/wp-content/uploads/2013/10/DossieAbrasco_2015_web.pdf), produto com o qual os organizadores do evento proposto contribuíram. No sentido de debater estas questões e construir processos científicos para discussão dos impactos dos agrotóxicos, foi realizado em 2014 o “I Seminário Nacional: Agrotóxicos, Impactos Socioambientais e Direitos Humanos”. Neste primeiro evento, que resultou na publicação “Agrotóxicos: violações socioambientais e direitos humanos no Brasil” (http://contraosagrotoxicos.org/wp-content/uploads/2018/02/LIVRO_Agrot%C3%B3xicos_Violaes-Socioambientais-e-Direitos-Humanos-no-Brasil.pdf), foram estabelecidas parcerias científicas importantes para a discussão da temática. Em 2016 foi realizado o “II Seminário Nacional: Agrotóxicos, Impactos Socioambientais e Direitos Humanos”, que também resultou no avanço científico em torno da temática, sendo que o livro resultante do evento está em processo final de editoração. Esta segunda edição do evento deu início, ainda, à um diálogo com pesquisadores e profissionais da saúde da Argentina, além das articulações entre diferentes instituições de pesquisa em todo o território brasileiro.
A proposta de realização do “I Seminário Internacional – III Seminário Nacional: Agrotóxicos, Impactos Socioambientais e Direitos Humanos” atende a uma demanda de ampliação e consolidação do debate internacional sobre a questão dos agrotóxicos e sua relação (a partir da saúde e meio ambiente) com os direitos humanos. Neste evento, além do fortalecimento da articulação nacional, esperamos fortalecer rede de pesquisadores internacional. Participarão representantes de instituições de pesquisa e direitos humanos da Argentina, Uruguai, Paraguai, Bolívia, México, entres outros, além da participação da pesquisadora e ativista indiana (Vandana Shiva) referência mundial na temática dos agrotóxicos e da agroecologia.
O evento será constituído por conferências, mesas redondas, espaços de diálogo e grupos de trabalho, estabelecendo relações sólidas e construindo caminhos a partir das pesquisas apresentadas. Esperamos contribuir com o desenvolvimento científico e popular da temática, fortalecendo também a inserção e/ou fortalecimento dos saberes populares neste debate. Os Espaços de Diálogo serão momentos para apresentação de trabalhos a serem enviados livremente pelos participantes, enquanto os Grupos de Trabalho serão espaços para debate e articulação em torno da questão dos agrotóxicos e da resistência popular ao modelo de desenvolvimento baseado nestes produtos .
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